








Sinto-me completamente incapaz de exprimir em palavras o talento de Kieslowski. Sinto que a trilogia Bleu/Blanc/Rouge e o Dekalog são duas das obras filosoficamente mais relevantes da história do cinema e duas das mais genuinamente emotivas. Talvez pela beleza que encerram, não sou capaz de escrever sobre elas.
Mas decidi trazer um trabalho peculiar do realizador polaco. Kieslowski recolheu entrevistas a cidadãos polacos nascidos nos últimos cem anos, perguntando quem são e o que querem na vida. E o resultado são estes dezasseis minutos, dados a conhecer em 1980 sob o título "Gadajace Glowy".
Pode não ser um trabalho cinematográfico de excelência, mas é certamente um prenúncio daquilo a que Kieslowski nos habituaria: um cinema profundamente humanista, que procura perguntas básicas da filosofia e que responde evocando verdadeiras emoções, aquilo que segundo Kieslowski, une as pessoas.
Além de um mestre da imagem, um mestre da alma humana.
Excelente. A curta, que nos fala da identidade e da liberdade, é, agora que acabo de ver, de urgente visualização e reflexão. Seria interessantíssimo fazer um exercício destes na nossa actual sociedade portuguesa. Penso que as respostas não defeririam muito das dadas, ainda que pudessem tender, talvez, para uma maior ligação com o materialismo. Digo eu :)
ResponderEliminarJá viste a trilogia de Kieslowski? Falta-me completá-la, e ver muito dele, claro.
Abraço!
É sempre complicado pensar um exercício desses, já que parto do princípio que as respostas são seleccionadas. De qualquer forma claro que se seria diferente, porque também se o fizessem hoje na Polónia seria diferente. A Polónia em 1980 era um país comunista.
ResponderEliminarJá vi, claro. Sou mesmo grande fã de Kieslowski, tenho pena que poucos o conheçam mesmo. O Bleu e o Rouge são dos filmes que mais me marcaram, tanto que não me passa mesmo pela cabeça escrever sobre eles. Há demasiada coisa a dizer e demasiadas coisas que não podem ser expressas em palavras.
Eu vou ver mais, disso podes ter a certeza - mas, como já deves ter vindo a reparar, eu tenho ainda muito a conhecer e digo que vou ver. Mas o facto é que é muita coisa mesmo ;) Vou tentar em breve terminar a trilogia. O Kieslowski tem mais curtas?
ResponderEliminarComunista ou não, uma das ideias que se reforça na curta é a participação, livre a activa, na democracia, do poder do povo. Ora, e transponho para hoje que o portuguesola não quer saber se há ou não eleições, isso não se verifica por estas bandas. É interessante ver por aí. Mas enfim. Da existência e da vida há uma intersubjectividade gigantesca.
Ok, Carlos? :p (pensava que não quisesses que tratasse!)
Boa noite
Sim, o Kieslowski tem uma imensidão de curtas - quase todas no youtube. Mas são em polaco e quase nenhuma tem legendas, além de representarem pouco do verdadeiro Kieslowski, já que andam todas mais no âmbito do documentário.
ResponderEliminar:) ...também acho o cinema dele prufundamente humanista e apesar de não serem políticos, os filmes mais antigos dele como blind chance ou o no end espelham muito e partem desse cenário comunista.
ResponderEliminarcharlie
Hey.
ResponderEliminarNatural, cresceu assim, é o mundo dele. Os filmes polacos, mesmo o Dekalog, usam muito esse cenário comunista. Mas ele sempre se afastou da política propositadamente.