sábado, 3 de abril de 2010

Le Feu Follet

Le Feu Follet, de Louis Malle.



















Desde o primeiro shot que Louis Malle nos faz mergulhar na complexidade da personagem de Alain Leroy, magnificamente interpretada por Maurice Ronet, com um close-up num olhar que transparece insegurança.

Alain Leroy é um antigo dandy parisiense que se perdeu nas malhas do alcoolismo, viu a sua mulher afastar-se dele por esse motivo e internou-se numa clínica para recuperação.

Alain Leroy está recuperado, mas não vê motivos para se voltar a integrar na sociedade. E assim começa uma das mais magníficas obras existencialistas que a tela já conheceu.

Malle viaja com Alain pelos dias que o separam do destino que ele próprio traçou, marcados por encontros que falham em oferecer soluções e por ritmos a que Alain não se consegue ajustar. Afinal, tudo correrá igual sem ele.

O subtil trabalho de câmara parece ser o único a entender o desespero de Alain, pontuado pelas composições oníricas e minimalistas de Erik Satie.

É o retrato intimista, com frequentes close-ups, de um homem que talvez seja o melhor que o cinema conseguiu retirar do espírito da filosofia e literatura existencialista, bem patente nas últimas palavras que escreveu.
É um estudo de personagem que não nos chega a revelar se os últimos dias de Alain foram um adeus ao imenso vazio do mundo ou a última tentativa de estabelecer com ele uma relação.
“Il n'y a qu'un problème philosophique vraiment sérieux: c'est le suicide. Juger que la vie vaut ou ne vaut pas la peine d'être vécue, c'est répondre à la question fondamentale de la philosophie.”
Albert Camus, Le Mythe de Sisyphe

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