domingo, 2 de maio de 2010

Zabriskie Point

Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni.



















Zabriskie Point é mais um filme a encaixar de forma perfeita no camelo, leão e criança. O mais controverso dos filmes de Michelangelo Antonioni é o único que o mestre italiano realizou nos Estados Unidos e não só fica para a história cinematográfica como mais um inspirador retrato da contracultura como é, ele próprio, contracultura.

Alvo de forte censura pela MGM e constatemente acusado de veicular um aceso anti-americanismo, Zabriskie Point conta a história de dois jovens, Mark e Daria, que acabam por fugir das suas vidas para se encontrarem a si próprios. Se o melhor de Los Angeles já se encontrava perpetuado no cinema, Antonioni tratou de perpetuar o pior. O pano de fundo da primeira parte do filme é uma cidade feia, problemática, sobreaquecida e onde os enormes placards publicitários parecem esmagar o indivíduo.

A partir daí, o exercício de cinematografia vai ganhando em intensidade e em qualidade com uma visão muito pessoal de cenários desérticos de enorme beleza. Ela é arrebatada pela acalmia daquele lugar, para ele, está morto. Certo é que é selvagem. É natural. E é aí que os protagonistas se envolvem numa cena de sexo que é talvez a cena mais icónica do filme, quando os “hippies” se multiplicam por Zabriskie Point, celebrando-o e “celebrando-se”.

Também a banda sonora marca presença apenas na segunda parte do filme, já longe de Los Angeles, com Pink Floyd, Grateful Dead ou Rolling Stones a contribuir para mais um fantástica composição de Antonioni, que acaba de forma épica, com a explosão e destruição onírica do estilo de vida americano para Daria. Ao som de “So Young” de Roy Orbison, uma afirmação de rebeldia de Antonioni aos 58 anos e uma explosão de vida e liberdade para a personagem.

Dawn comes up so young, dreams begin so young
And if you live just for today the day may soon be done
But there's a place where dreams always stay so young

A place to hear the sun go down and fade away
To see the wind just run away with yesterday
Anyplace for those who care Zabriskie Point is anywhere
Time runs out so fast on love too good to last, so young

A time to look forever's there or never found
To touch the sky and really feel the world go round
To live to love to laugh to cry to be alone
Young, so young love was meant to be wild and free
So young young, so young love is space in life
A place in time a state of mind too late I find
When tomorrow's gone and love is lost so young

6 comentários:

  1. Que imagens bonitas. Já tencionava começar com Antonioni este mês, tenho muitas sugestões guardadas. Esta é uma delas.
    O tema é, também ele, importante. Se é tratado de forma livre e "natural" como escreves, então ainda melhor. :)

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  2. Este filme é genial, é brutal, é obra-primíssima e o meu favorito do Antonioni. Parabéns pelo blog! :)

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  3. Sim Flávio, é tratado de forma livre e natural, mas houve partes censuradas pela MGM. Diz-se que Antonioni pretendia até passar no final um avião com a mensagem "Fuck Off America".

    João, Antonioni ainda estou a descobrir, faltam-me os filmes italianos. Mas gostei muito de Blowup, não sei qual é o meu favorito, mas acho que preferia o Blowup, menos exuberante, mais subtil. E obrigado pelo elogio.

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  4. e dentro da obra del signore, algo esteticamente refrescante

    charlie

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  5. Imagens mesmo lindas, impactantes, gostei da premissa do filme.

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  6. Esteticamente é uma delícia a segunda parte do filme. Também ajuda ser o maior orçamento que Antonioni teve à disposição.

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