








Francis Ford Coppola encontrou o Cinema.
Só por aí, qualquer filme desta última fase da sua carreira vale a pena. O homem por trás da icónica trilogia The Godfather e de Acopalypse Now encontra, longe de Hollywood, o Cinema que sempre pareceu querer fazer.
Tetro não é um filme irrepreensível, talvez nem sequer seja um grande filme. Não gosto de Vincent Gallo. Há clichés cinematográficos que não resistem a aparecer. Os últimos 45 minutos de filme estão muito longe do ambiente “art house” e da perfeição dos primeiros 80. Mas não consigo deixar de me apaixonar por Tetro.
Talvez porque haja algo de verdadeiro nele. Talvez porque haja criatividade nos planos, talvez porque haja vontade. Vontade de começar de novo. Começar uma segunda carreira. Talvez porque haja Cinema.
É um filme onde prevalece um profundo sentimento de redenção e de amor pela arte. É pessoal.
Coppola filma a história de um rapaz que chega a Buenos Aires e tenta encontrar quem julga ser o seu irmão, acabando por encontrar também toda a história da sua família, onde “só há lugar para um génio”.
Explora-se a rivalidade numa complexa teia familiar, dentro da qual pouco se sabe e muito já se sofreu. As descobertas sucedem-se a grande custo e de forma muito humana, com a lenta libertação daquilo que o tempo tentou esconder e com um toque teatral que Coppola não resistiu a dar.
O rapaz, Bennie, é Alden Ehrenreich. Uma óptima decisão de casting de Coppola, que aliou o puro e belíssimo sorriso deste jovem à força emanada por Maribel Verdú, que ganhou notoriedade em Y Tu Mamá También.
O pano de fundo é a irresistível Buenos Aires, em preto e branco digital. Clássica, latina, secreta e apaixonante.
Definitavente, gosto de Tetro porque é verdadeiro. Bravo Coppola.