terça-feira, 7 de setembro de 2010
Petição "Pelo regresso da exibição regular de cinema à RTP2"
Apesar de com falta de tempo e afastado do mundo dos blogs e deste blog em particular há algumas semanas, é com prazer que venho aqui anunciar que a petição "Pelo regresso da exibição regular de cinema à RTP2" está em marcha e já tem mais de 80 subscritores, um blog e uma página de facebook.
Parabéns ao Luís Mendonça, ao João Palhares, ao Miguel Domingues, ao Carlos Natálio, ao Ricardo Lisboa e à Cláudia Silvestre pela vontade que têm demonstrado em fazer regressar à RTP2 o cinema de qualidade, na quantidade e com o critério que um dia teve.
De salientar que o movimento já tem o apoio de João Mário Grilo, Fernando Cabral Martins e Adriano Duarte Rodrigues.
A petição: http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N2948
O blog: http://peticao-rtp2-cinema.blogspot.com/
A página de facebook: http://www.facebook.com/pages/Pelo-regresso-da-exibicao-regular-de-cinema-a-RTP2/112201078836298?ref=ts
Aconselho a leitura de vários posts sobre o assunto em: http://cinedrio.blogspot.com/
domingo, 27 de junho de 2010
Tetro
Tetro, de Francis Ford Coppola.
Francis Ford Coppola encontrou o Cinema.
Só por aí, qualquer filme desta última fase da sua carreira vale a pena. O homem por trás da icónica trilogia The Godfather e de Acopalypse Now encontra, longe de Hollywood, o Cinema que sempre pareceu querer fazer.
Tetro não é um filme irrepreensível, talvez nem sequer seja um grande filme. Não gosto de Vincent Gallo. Há clichés cinematográficos que não resistem a aparecer. Os últimos 45 minutos de filme estão muito longe do ambiente “art house” e da perfeição dos primeiros 80. Mas não consigo deixar de me apaixonar por Tetro.
Talvez porque haja algo de verdadeiro nele. Talvez porque haja criatividade nos planos, talvez porque haja vontade. Vontade de começar de novo. Começar uma segunda carreira. Talvez porque haja Cinema.
É um filme onde prevalece um profundo sentimento de redenção e de amor pela arte. É pessoal.
Coppola filma a história de um rapaz que chega a Buenos Aires e tenta encontrar quem julga ser o seu irmão, acabando por encontrar também toda a história da sua família, onde “só há lugar para um génio”.
Explora-se a rivalidade numa complexa teia familiar, dentro da qual pouco se sabe e muito já se sofreu. As descobertas sucedem-se a grande custo e de forma muito humana, com a lenta libertação daquilo que o tempo tentou esconder e com um toque teatral que Coppola não resistiu a dar.
O rapaz, Bennie, é Alden Ehrenreich. Uma óptima decisão de casting de Coppola, que aliou o puro e belíssimo sorriso deste jovem à força emanada por Maribel Verdú, que ganhou notoriedade em Y Tu Mamá También.
O pano de fundo é a irresistível Buenos Aires, em preto e branco digital. Clássica, latina, secreta e apaixonante.
Definitavente, gosto de Tetro porque é verdadeiro. Bravo Coppola.
Francis Ford Coppola encontrou o Cinema.
Só por aí, qualquer filme desta última fase da sua carreira vale a pena. O homem por trás da icónica trilogia The Godfather e de Acopalypse Now encontra, longe de Hollywood, o Cinema que sempre pareceu querer fazer.
Tetro não é um filme irrepreensível, talvez nem sequer seja um grande filme. Não gosto de Vincent Gallo. Há clichés cinematográficos que não resistem a aparecer. Os últimos 45 minutos de filme estão muito longe do ambiente “art house” e da perfeição dos primeiros 80. Mas não consigo deixar de me apaixonar por Tetro.
Talvez porque haja algo de verdadeiro nele. Talvez porque haja criatividade nos planos, talvez porque haja vontade. Vontade de começar de novo. Começar uma segunda carreira. Talvez porque haja Cinema.
É um filme onde prevalece um profundo sentimento de redenção e de amor pela arte. É pessoal.
Coppola filma a história de um rapaz que chega a Buenos Aires e tenta encontrar quem julga ser o seu irmão, acabando por encontrar também toda a história da sua família, onde “só há lugar para um génio”.
Explora-se a rivalidade numa complexa teia familiar, dentro da qual pouco se sabe e muito já se sofreu. As descobertas sucedem-se a grande custo e de forma muito humana, com a lenta libertação daquilo que o tempo tentou esconder e com um toque teatral que Coppola não resistiu a dar.
O rapaz, Bennie, é Alden Ehrenreich. Uma óptima decisão de casting de Coppola, que aliou o puro e belíssimo sorriso deste jovem à força emanada por Maribel Verdú, que ganhou notoriedade em Y Tu Mamá También.
O pano de fundo é a irresistível Buenos Aires, em preto e branco digital. Clássica, latina, secreta e apaixonante.
Definitavente, gosto de Tetro porque é verdadeiro. Bravo Coppola.
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quarta-feira, 2 de junho de 2010
As Curtas - Arena
Arena, de João Salaviza.
Arena conquistou um merecido destaque quando, há cerca de um ano, ganhou em Cannes a Palme d'Or para melhor curta-metragem.
Um bairro social lisboeta, em Chelas, ganhou dimensão global. Uma Arena como qualquer outra.
Carloto Cotta mostra significativa evolução como actor de cinema em relação a, por exemplo, Odete.
Com realização de João Salaviza e fotografia de Vasco Viana, Arena é composto por belíssimos planos com marca de autor no interessante jogo entre os "os corpos e o espaço", como Vasco Câmara referiu, numa abordagem alternativa ao mundo da violência urbana entre jovens.
Salaviza mostra-se desconfortável com a palavra "realismo", mas afirma querer continuar a filmar "coisas concretas".
Arena é dominado por uma perversa sensação de acalmia num espaço sem esperança. Metáfora para um submundo, para diversas formas de luta. Ou resignação.
Arena conquistou um merecido destaque quando, há cerca de um ano, ganhou em Cannes a Palme d'Or para melhor curta-metragem.
Um bairro social lisboeta, em Chelas, ganhou dimensão global. Uma Arena como qualquer outra.
Carloto Cotta mostra significativa evolução como actor de cinema em relação a, por exemplo, Odete.
Com realização de João Salaviza e fotografia de Vasco Viana, Arena é composto por belíssimos planos com marca de autor no interessante jogo entre os "os corpos e o espaço", como Vasco Câmara referiu, numa abordagem alternativa ao mundo da violência urbana entre jovens.
Salaviza mostra-se desconfortável com a palavra "realismo", mas afirma querer continuar a filmar "coisas concretas".
Arena é dominado por uma perversa sensação de acalmia num espaço sem esperança. Metáfora para um submundo, para diversas formas de luta. Ou resignação.
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segunda-feira, 17 de maio de 2010
A Single Man
A Single Man, de Tom Ford.
A Single Man. Uma casa de vidro. Uma morte inesperada. Um amor interrompido. Uma dia difícil. Um Homem Singular.
Que estreia impressionante de Tom Ford. Deixa a estranha sensação de querer ser grande e épico a cada cena, através da banda-sonora de Abel Korzeniowski e principalmente da fotografia desafiante e deslumbrante, que é o que de mais singular tem A Single Man. Tanto que nunca tive tanta dificuldade em escolher os nove fotogramas para o post. Os sucessivos e expressivos close-ups e o uso da cor parecem importados do mundo da moda e usados compulsivamente por este artista inesperado, num filme tremendamente pessoal. E sabem que mais? Resultou.
Colin Firth e Julianne Moore estão irrepreensíveis. Os olhos de Nicholas Hoult hipnotizam. O mise-en-scéne é fabuloso. Nem sentimos a viagem até aos 60’s. Los Angeles está surpreendentemente bela, mesmo perante a ameaça soviética. O medo diz pouco a George Falconer, que afirma não querer viver num mundo sem sentimentos. Ou não querer viver de todo? Há algo nele que me soa a tortuosamente verdadeiro. A tortuosamente familiar.
É um dia sério, diz ele a Carlos depois de mais uma belíssima cena, fixamente observado pela Janet Leigh do poster de Psycho. A partir daí, o filme entra na sua segunda parte. Para mim menos exuberante que a primeira, apesar da revigorante visita a casa de Charley. Tom Ford intercala desde o início a acção com sequências subaquáticas e com sequências da vida de George com o parceiro entretanto falecido, que mostram o amor na mais pura das suas representações, o dia-a-dia.
Caminhamos para o final com as atenções a centrarem-se na relação entre George e Kenny. Tom Ford teve notável cuidado e prazer em filmar Nicholas Hoult. Kenny é filmado como algo quase sobrenatural, como uma força imensa. O olhar atravessa a câmara. Kenny revitaliza George. Estará George disposto a renascer?
A Single Man. A perda. A paranóia da Guerra Fria. A solidão. O pedaço de vida. A casa de vidro. Um Homem Singular.
Em comemoração do dia 17 de Maio, agora duplamente especial.
A Single Man. Uma casa de vidro. Uma morte inesperada. Um amor interrompido. Uma dia difícil. Um Homem Singular.
Que estreia impressionante de Tom Ford. Deixa a estranha sensação de querer ser grande e épico a cada cena, através da banda-sonora de Abel Korzeniowski e principalmente da fotografia desafiante e deslumbrante, que é o que de mais singular tem A Single Man. Tanto que nunca tive tanta dificuldade em escolher os nove fotogramas para o post. Os sucessivos e expressivos close-ups e o uso da cor parecem importados do mundo da moda e usados compulsivamente por este artista inesperado, num filme tremendamente pessoal. E sabem que mais? Resultou.
Colin Firth e Julianne Moore estão irrepreensíveis. Os olhos de Nicholas Hoult hipnotizam. O mise-en-scéne é fabuloso. Nem sentimos a viagem até aos 60’s. Los Angeles está surpreendentemente bela, mesmo perante a ameaça soviética. O medo diz pouco a George Falconer, que afirma não querer viver num mundo sem sentimentos. Ou não querer viver de todo? Há algo nele que me soa a tortuosamente verdadeiro. A tortuosamente familiar.
É um dia sério, diz ele a Carlos depois de mais uma belíssima cena, fixamente observado pela Janet Leigh do poster de Psycho. A partir daí, o filme entra na sua segunda parte. Para mim menos exuberante que a primeira, apesar da revigorante visita a casa de Charley. Tom Ford intercala desde o início a acção com sequências subaquáticas e com sequências da vida de George com o parceiro entretanto falecido, que mostram o amor na mais pura das suas representações, o dia-a-dia.
Caminhamos para o final com as atenções a centrarem-se na relação entre George e Kenny. Tom Ford teve notável cuidado e prazer em filmar Nicholas Hoult. Kenny é filmado como algo quase sobrenatural, como uma força imensa. O olhar atravessa a câmara. Kenny revitaliza George. Estará George disposto a renascer?
A Single Man. A perda. A paranóia da Guerra Fria. A solidão. O pedaço de vida. A casa de vidro. Um Homem Singular.
Em comemoração do dia 17 de Maio, agora duplamente especial.
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domingo, 16 de maio de 2010
Sügisball
Sügisball, de Veiko Öunpuu.
Veiko Öunpuu abre surpreendentemente o filme com Fernando Pessoa e a nós apetece-nos acabar o filme a dar à Estónia as boas-vindas à União Europeia, depois de um vibrante exercício cinematográfico que espalha por todos os frames uma muito singular sensação de cinema europeu, tanto no estilo como na temática.
Durante as cerca de duas horas o estónio faz-nos chocar contra as suas belíssimas imagens do imponente pano de fundo de Sügisball: o bairro de Lasnamäe, numa zona pobre e descuidada de Tallin onde prolifera o cimento do imponente e impessoal urbanismo soviético. E é a frieza inevitável que a construção soviética transmite que se alia de forma única ao estilo tão europeu da fotografia de Sügisball e à humanidade que se procura nas personagens.
As crises das personagens daquele edíficio não são diferentes das crises das personagens do outro lado da rua. Como diz Mati, em cada apartamento há alguém a tentar ser feliz, gerações e famílias inteiras, e as vidas dissipam-se como o vento. E o que sobra disso tudo?
As crises das personagens de Sügisball não são diferentes das nossas. A humanidade da obra é universal. Apenas o cenário é marcadamente estónio. Se Sügisball tem algo de cru, vem do cenário e é um constante apelo a um exagerado realismo. É como se, para nós, a ilusão ali não funcionasse. Eles não podem só “ir vivendo”. O bairro de Lasnamäe obriga-nos a ver o quão miseráveis eles são. O quão miseráveis somos.
Em todas as personagens se parece reflectir o absurdo da existência, tanto que a mulher do arquitecto o acusa de ser como uma personagem de Bergman, mas menos humano. Mas não é humanidade que falta às personagens, falta-lhes a oportunidade. Falta que se dêem a eles próprios a oportunidade. E é neste processo que o filme caminha para o fim, no processo de se tornarem mais humanos, mais pessoais. A dor ou a violência, como catarse, acaba por permitir às personagens libertarem-se, como a belíssima sequência da dança de Maurer já pronunciara.
E assim renascem. Para que futuro? Não sabemos.
Veiko Ounpuu acaba dedicando o filme aos “homens de bom coração e fígado fraco, que vagueiam sozinhos à noite, em roupa interior”.
Veiko Öunpuu abre surpreendentemente o filme com Fernando Pessoa e a nós apetece-nos acabar o filme a dar à Estónia as boas-vindas à União Europeia, depois de um vibrante exercício cinematográfico que espalha por todos os frames uma muito singular sensação de cinema europeu, tanto no estilo como na temática.
Durante as cerca de duas horas o estónio faz-nos chocar contra as suas belíssimas imagens do imponente pano de fundo de Sügisball: o bairro de Lasnamäe, numa zona pobre e descuidada de Tallin onde prolifera o cimento do imponente e impessoal urbanismo soviético. E é a frieza inevitável que a construção soviética transmite que se alia de forma única ao estilo tão europeu da fotografia de Sügisball e à humanidade que se procura nas personagens.
As crises das personagens daquele edíficio não são diferentes das crises das personagens do outro lado da rua. Como diz Mati, em cada apartamento há alguém a tentar ser feliz, gerações e famílias inteiras, e as vidas dissipam-se como o vento. E o que sobra disso tudo?
As crises das personagens de Sügisball não são diferentes das nossas. A humanidade da obra é universal. Apenas o cenário é marcadamente estónio. Se Sügisball tem algo de cru, vem do cenário e é um constante apelo a um exagerado realismo. É como se, para nós, a ilusão ali não funcionasse. Eles não podem só “ir vivendo”. O bairro de Lasnamäe obriga-nos a ver o quão miseráveis eles são. O quão miseráveis somos.
Em todas as personagens se parece reflectir o absurdo da existência, tanto que a mulher do arquitecto o acusa de ser como uma personagem de Bergman, mas menos humano. Mas não é humanidade que falta às personagens, falta-lhes a oportunidade. Falta que se dêem a eles próprios a oportunidade. E é neste processo que o filme caminha para o fim, no processo de se tornarem mais humanos, mais pessoais. A dor ou a violência, como catarse, acaba por permitir às personagens libertarem-se, como a belíssima sequência da dança de Maurer já pronunciara.
E assim renascem. Para que futuro? Não sabemos.
Veiko Ounpuu acaba dedicando o filme aos “homens de bom coração e fígado fraco, que vagueiam sozinhos à noite, em roupa interior”.
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quinta-feira, 6 de maio de 2010
As Cenas - Mulholland Dr
Mulholland Dr, de David Lynch.
Muito pouco se deve dizer de algo que encerra em si tanta força cinematográfica e tanta crença no poder do cinema como Mulholland Dr e este Club Silencio.
No Club Silencio, as múltiplas camadas da obra-prima surrealista de David Lynch parecem descontruir-se e transformar-se em sensações.
É fechar os olhos. Esquecer os simbolismos, as personagens, as transposições. Esquecer o sonho e o acordar. Esquecer as realidades paralelas. Esquecer Hollywood. Esquecer o amor impossível. Está aqui tudo, no Club Silencio. Basta sentir.
No hay banda.
O que é, afinal, a realidade?
Muito pouco se deve dizer de algo que encerra em si tanta força cinematográfica e tanta crença no poder do cinema como Mulholland Dr e este Club Silencio.
No Club Silencio, as múltiplas camadas da obra-prima surrealista de David Lynch parecem descontruir-se e transformar-se em sensações.
É fechar os olhos. Esquecer os simbolismos, as personagens, as transposições. Esquecer o sonho e o acordar. Esquecer as realidades paralelas. Esquecer Hollywood. Esquecer o amor impossível. Está aqui tudo, no Club Silencio. Basta sentir.
No hay banda.
O que é, afinal, a realidade?
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domingo, 2 de maio de 2010
Zabriskie Point
Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni.
Zabriskie Point é mais um filme a encaixar de forma perfeita no camelo, leão e criança. O mais controverso dos filmes de Michelangelo Antonioni é o único que o mestre italiano realizou nos Estados Unidos e não só fica para a história cinematográfica como mais um inspirador retrato da contracultura como é, ele próprio, contracultura.
Alvo de forte censura pela MGM e constatemente acusado de veicular um aceso anti-americanismo, Zabriskie Point conta a história de dois jovens, Mark e Daria, que acabam por fugir das suas vidas para se encontrarem a si próprios. Se o melhor de Los Angeles já se encontrava perpetuado no cinema, Antonioni tratou de perpetuar o pior. O pano de fundo da primeira parte do filme é uma cidade feia, problemática, sobreaquecida e onde os enormes placards publicitários parecem esmagar o indivíduo.
A partir daí, o exercício de cinematografia vai ganhando em intensidade e em qualidade com uma visão muito pessoal de cenários desérticos de enorme beleza. Ela é arrebatada pela acalmia daquele lugar, para ele, está morto. Certo é que é selvagem. É natural. E é aí que os protagonistas se envolvem numa cena de sexo que é talvez a cena mais icónica do filme, quando os “hippies” se multiplicam por Zabriskie Point, celebrando-o e “celebrando-se”.
Também a banda sonora marca presença apenas na segunda parte do filme, já longe de Los Angeles, com Pink Floyd, Grateful Dead ou Rolling Stones a contribuir para mais um fantástica composição de Antonioni, que acaba de forma épica, com a explosão e destruição onírica do estilo de vida americano para Daria. Ao som de “So Young” de Roy Orbison, uma afirmação de rebeldia de Antonioni aos 58 anos e uma explosão de vida e liberdade para a personagem.
Zabriskie Point é mais um filme a encaixar de forma perfeita no camelo, leão e criança. O mais controverso dos filmes de Michelangelo Antonioni é o único que o mestre italiano realizou nos Estados Unidos e não só fica para a história cinematográfica como mais um inspirador retrato da contracultura como é, ele próprio, contracultura.
Alvo de forte censura pela MGM e constatemente acusado de veicular um aceso anti-americanismo, Zabriskie Point conta a história de dois jovens, Mark e Daria, que acabam por fugir das suas vidas para se encontrarem a si próprios. Se o melhor de Los Angeles já se encontrava perpetuado no cinema, Antonioni tratou de perpetuar o pior. O pano de fundo da primeira parte do filme é uma cidade feia, problemática, sobreaquecida e onde os enormes placards publicitários parecem esmagar o indivíduo.
A partir daí, o exercício de cinematografia vai ganhando em intensidade e em qualidade com uma visão muito pessoal de cenários desérticos de enorme beleza. Ela é arrebatada pela acalmia daquele lugar, para ele, está morto. Certo é que é selvagem. É natural. E é aí que os protagonistas se envolvem numa cena de sexo que é talvez a cena mais icónica do filme, quando os “hippies” se multiplicam por Zabriskie Point, celebrando-o e “celebrando-se”.
Também a banda sonora marca presença apenas na segunda parte do filme, já longe de Los Angeles, com Pink Floyd, Grateful Dead ou Rolling Stones a contribuir para mais um fantástica composição de Antonioni, que acaba de forma épica, com a explosão e destruição onírica do estilo de vida americano para Daria. Ao som de “So Young” de Roy Orbison, uma afirmação de rebeldia de Antonioni aos 58 anos e uma explosão de vida e liberdade para a personagem.
Dawn comes up so young, dreams begin so young
And if you live just for today the day may soon be done
But there's a place where dreams always stay so young
A place to hear the sun go down and fade away
To see the wind just run away with yesterday
Anyplace for those who care Zabriskie Point is anywhere
Time runs out so fast on love too good to last, so young
A time to look forever's there or never found
To touch the sky and really feel the world go round
To live to love to laugh to cry to be alone
Young, so young love was meant to be wild and free
So young young, so young love is space in life
A place in time a state of mind too late I find
When tomorrow's gone and love is lost so young
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