A Single Man, de Tom Ford.
A Single Man. Uma casa de vidro. Uma morte inesperada. Um amor interrompido. Uma dia difícil. Um Homem Singular.
Que estreia impressionante de Tom Ford. Deixa a estranha sensação de querer ser grande e épico a cada cena, através da banda-sonora de Abel Korzeniowski e principalmente da fotografia desafiante e deslumbrante, que é o que de mais singular tem A Single Man. Tanto que nunca tive tanta dificuldade em escolher os nove fotogramas para o post. Os sucessivos e expressivos close-ups e o uso da cor parecem importados do mundo da moda e usados compulsivamente por este artista inesperado, num filme tremendamente pessoal. E sabem que mais? Resultou.
Colin Firth e Julianne Moore estão irrepreensíveis. Os olhos de Nicholas Hoult hipnotizam. O mise-en-scéne é fabuloso. Nem sentimos a viagem até aos 60’s. Los Angeles está surpreendentemente bela, mesmo perante a ameaça soviética. O medo diz pouco a George Falconer, que afirma não querer viver num mundo sem sentimentos. Ou não querer viver de todo? Há algo nele que me soa a tortuosamente verdadeiro. A tortuosamente familiar.
É um dia sério, diz ele a Carlos depois de mais uma belíssima cena, fixamente observado pela Janet Leigh do poster de Psycho. A partir daí, o filme entra na sua segunda parte. Para mim menos exuberante que a primeira, apesar da revigorante visita a casa de Charley. Tom Ford intercala desde o início a acção com sequências subaquáticas e com sequências da vida de George com o parceiro entretanto falecido, que mostram o amor na mais pura das suas representações, o dia-a-dia.
Caminhamos para o final com as atenções a centrarem-se na relação entre George e Kenny. Tom Ford teve notável cuidado e prazer em filmar Nicholas Hoult. Kenny é filmado como algo quase sobrenatural, como uma força imensa. O olhar atravessa a câmara. Kenny revitaliza George. Estará George disposto a renascer?
A Single Man. A perda. A paranóia da Guerra Fria. A solidão. O pedaço de vida. A casa de vidro. Um Homem Singular.
Em comemoração do dia 17 de Maio, agora duplamente especial.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
A Single Man
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E que óptima sugestão! Viste-o hoje? Ainda não consigo escrever sobre A Single Man, ainda o estou a digerir - após muitas idas ao cinema. Foi um filme muito, muito importante para mim como deves já imaginar, quer pessoalmente quer a nível de relação com o cinema e a sua essência. É um filme singular, como o próprio titulo indica, uma adaptação literária suprema e íntima. Um irreconhecível Colin Firth, uma linguagem visual explosiva aliada a uma banda sonora belíssima, estonteante. É uma reflexão misteriosa sobre o significado último de sentir, de viver, de reconhecer o mundo tal como ele deverá ser figurado. É a descoberta da alma na mais importante das decisões - da destruição das mesma. É... é... tudo isso e muito mais! :)
ResponderEliminarAs imagens foram bem escolhidas. Se cabesse a mim, escolhia cada frame ;)
Não, não o vi hoje. Também o vi o cinema. Postei-o hoje por causa do Dia Mundial contra a Homofobia e Transfobia e por causa da promulgação da lei.
ResponderEliminarExactamente. Este é mesmo daqueles que apetece escolher os frames todos.
É mesmo isso. Ainda estou para entender como é que o filme "resulta". Esta aposta tinha tudo para acabar num filme desequilibrado e sem conteúdo, mas acabou no mais estimulante de 2009.
Nota-se que este foi pessoal, vamos ver o que o Tom Ford faz a seguir...
Belíssimo, sem dúvida. Também eu tentei escrever sobre Um Homem Singular e fiquei por meia dúzia de palavras, se tanto. Com a saída em DVD, irei certamente revê-lo muitas vezes e, quando me sentir preparado, escrever sobre a sua causa. Gostei do texto!
ResponderEliminarP.S.: O meu sempre presente destaque para Julianne Moore, que além de estar lindíssima, consolida-se como um "monstro" da interpretação. Que prestação fabulosa, a par de Firth, claro.
Abraço
Sinceramente nem tenho palavras já, além das já usadas na crítica no blogue, para falar sobre o filme. É soberbo, já tenho o DVD em mãos e adoro.
ResponderEliminarJá tens o dvd? Tinha mesmo a impressão que só saía no Verão.
ResponderEliminarAmbos os actores me surpreenderam bastante. A Julianne Moore está fantástica na cena em casa dela, que é um carrossel emocional.
Fico à espera das vossas palavras.
Não sei bem que achar deste filme, por um lado aborrece-me a pretensão do realizador em tornar óbvio aquilo que devia ser passado de forma subtil, como aquela sensação de viver o mundo pela última vez. Assim, a técnica acaba por soar muito a falso. Mas realço a dupla interpretação, que está de tirar o fôlego.
ResponderEliminarSão opções de focalização relativamente à personagem. Pelo menos a mim não "estraga" nada, já que é algo assumido à partida. :)
ResponderEliminarMas em relação a um retrato mais subtil do "viver o mundo pela última vez", aconselho-te seriamente a ver o Le Feu Follet:
http://cameloleaoecrianca.blogspot.com/2010/04/le-feu-follet.html
Um retrato íntimo, de pura beleza, nunca vi - nesses anos últimos - um filme tão denso e de uma narrativa sublime. De fato, teu texto demonstra toda a característica e teor do filme.
ResponderEliminarE quero revê-lo! degustá-lo mais. Again...
teu blog é muito bom, te sigo, parabéns!
já linkei ao meu.
Sim, as visualizações não lhe pesam. Dá gosto rever.
ResponderEliminarObrigado. Também já tenho explorado algumas vezes o teu imenso blog.
Você usa qual programa para retirar essas belas imagens dos filmes em dvd? aguardo resposta.
ResponderEliminarUsa MSN? Abraço
Não, de facto não sou grande fã do msn.
ResponderEliminarNão uso nenhum programa em especial, faço screenshots normalmente.
Será que me podias enviar o teu e-mail para o geral.cineroad@hotmail.com ?
ResponderEliminarTenho um convite para te fazer.
Obrigado.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Se entendi bem, está feito.
ResponderEliminarMuito bem escrito! A Single Man é um pedaço de arte espectacular e completamente fora dos paradigmas cinematográficos.
ResponderEliminarAbraço
Cinema as my World
Muit bom. Excelente interpretação!
ResponderEliminarVerdade, do mais desafiante que chegou às salas portuguesas nos últimos anos.
ResponderEliminarE sim, Colin Firth e Julianne Moore estão fantásticos, principalmente o Colin, num papel que pode definir uma carreira.